quarta-feira, 26 de agosto de 2020

"É um, é dois; é três, é um; é dois, é três; é um, é dois."



Assim como diz a letra da canção animada pela voz inconfundível da "rainha do forró", a terra do menino deus vê a sua até então pujante triarquia descambar para um sistema bipolar confuso e aparentemente de frágil constituição.



O anúncio público e oficial da chapa de coalizão entre o empresário e o ex-prefeito não surpreendeu a ninguém, contudo, tal  eixo requer uma análise mais profunda e minuciosa.



1. O empresário está inseguro, pois se não estivesse, iria sozinho para o pleito.
O fechamento da parceria é a prova definitiva de que o "galpão das fábricas" necessitava de algo que faltava no feirão do Brás.

2. O ex-prefeito está fragilizado financeiramente e necessita de acesso político junto ao governo federal.
Após a venda de duas emissoras de rádio (uma em Tabuleiro e outra em Morada Nova, respectivamente), a derrocada do camarão e a queda do Senador de Lavras da Mangabeira, o patriarca da Fazenda Floresta se viu obrigado pela necessidade a buscar o esplendor das confecções, sem falar, da proximidade e boa relação que o empresário tem com lideranças bem próximas ao mandatário da nação.

3. O empresário precisa de alguém com trânsito livre no Governo do Estado.
Como tudo na vida, a política tem seus "freios e contrapesos". E mesmo com seu "toque de Midas", o empresario não conhece ainda os corredores estreitos do Abolição; necessitando, por sua vez, das amizades do ex-prefeito, tais como a do decano da fazenda estadual, que além de ter mandato na Câmara dos Deputados, detém total confiança do clã de Sobral e do governador.

4. Não necessariamente a junção das partes será igual ao todo. Tanto do lado do empresário, quanto do ex-prefeito, haverá deserção e voto de protesto bilateral.
Como não é uma ciência exata, e sim social, a política tem suas miragens e anomalias estatísticas próprias: nela, a ordem das parcelas altera a soma, sim.
Logo, como a militância "puro sangue", de ambos os lados, vai interpretar a perda de espaço político com a chegada dos novos aliados?

5. Se o empresário pregava *renovação*, esse argumento não vale mais. A questão agora é: qual o tamanho da fatia do grupo do ex-prefeito no projeto de poder?
Afinal, que renovação é essa que busca aliança com um gestor adepto de práticas políticas ortodoxas e que contabilizou 12 anos no paço municipal? pergunta retórica.

6. Com esse arranjo, naturalmente, muitos dos "excluídos" por ambos os lados virão em busca de asilo no grupo da gestão. Aí resta saber: como a situação vai administrar a conversão de "cristãos novos"?
Afinal, nada é mais perigoso que a mulher traída e o aliado desprezado.

7. Agora, as atenções se voltam para a escolha do pré-candidato a vice da advogada; lembrando, que na política e no xadrez, quase sempre quem se precipita, perde.
A atual gestora, subestimada e tratada como "patinho feio" em 2016, "virou um belo cisne" e alçou vôos altíssimos em 2018 (para estadual e federal, respectivamente), além de alavancar verbas e obras que calaram diversos adversários pelo vulto e complexidade.

8. Pecunia non olet, já disse Vespasiano.
E a máxima do direito tributário pode também ser aplicada na esfera política?
Fica a indagação quanto à resistência da provável chapa perante possíveis ações judiciais no âmbito do abuso do poder econômico; afinal, Juno Moneta é deusa caprichosa e vingativa!

Todavia, enquanto aguardamos o gran finale, acompanhemos os "alegrettos".